o vento que passa 2 --- porque "não há machado que corte a raiz ao pensamento!"
- as imagens das colunas laterais têm quase todas links .. - nas páginas 'autónomas' (abaixo) vou recolhendo posts recuperados do 'vento 1', acrescentando algo novo ..
______________ saudades de um tempo em que a vontade popular contava ..
«Canção de Carlos Alberto Moniz e de Maria do Âmparo, dedicada ao General Vasco Gonçalves, primeiro ministro de Portugal em 1974 e 1975, nos II, III, IV e V Governos Provisórios»:
..
retirado da pg facebook do escritor Mário de Carvalho, o comentário:
«uma admirável interpretação de Tom Waits, com letra em inglês, de WHAT KEEPS MANKIND ALIVE , de Kurt Weil / Bertold Brecht, "A Ópera dos três vinténs"
»
Maria da Fonte, ou Revolução do Minho, é o nome dado a uma revolta popular ocorrida na primavera de 1846 contra o governo cartista presidido por António Bernardo da Costa Cabral.
A revolta resultou das tensões sociais remanescentes das guerras liberais,
exacerbadas pelo grande descontentamento popular gerado pelas novas
leis que se lhe seguiram de recrutamento militar, por alterações fiscais
e pela proibição de realizar enterros dentro de igrejas.
Iniciou-se na zona de Póvoa de Lanhoso (Minho)
por uma sublevação popular que se foi progressivamente estendendo a
todo o norte de Portugal. A instigadora dos motins iniciais terá sido
uma mulher do povo chamada Maria, natural da freguesia de Fontarcada, que por isso ficaria conhecida pela alcunha de Maria da Fonte.
Como a fase inicial do movimento insurreccional teve uma forte componente feminina, acabou por ser esse o nome dado à revolta. --- ler mais
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Durante a Revolução da Maria da Fonte, o maestro Ângelo Frondini compôs
um hino popular conhecido por Maria da Fonte ou Hino do Minho, que
continua a ser a música com que se saúdam os ministros portugueses,
sendo utilizado em cerimónias civis e militares. -- fonte
Hino da Maria da Fonte:
música: Angelo Frondoni (1812-1891)
letra: Paulo Midosi (1821-1888)
voz: Vitorino
A letra de Paulo Midosi Júnior (ele próprio muito confundido na internet..) foi sofrendo variações ao longo dos tempos; tantas, que não é fácil perceber-se qual a original (na web, os mesmos sítios que a publicam apontam depois para uma versão cantada que é diferente..). Também a Maria da Fonte (que poderão ter sido muitas Marias!) se transformou numa personagem mais ou menos nebulosa da história portuguesa, havendo várias versões, muitas delas contraditórias. Na pesquisa, aprendi, pelo menos, duas coisas: - a revolução da Maria da Fonte vai muito além de uma questiúncula sobre onde enterrar os mortos (o que me ficou do que me foi ensinado no liceu) .. - houve em Portugal, em 1822, uma Constituição revolucionária que «marcou uma tentativa de pôr fim ao absolutismo».. Ainda assim, com dois "pecados capitais": não permitia a liberdade de culto religioso; vedava o direito de voto (para eleição dos parlamentares) às mulheres, entre outros descriminados. . da Wikipedia,
Cartismoé a designação que se deu em Portugal à tendência mais conservadora do liberalismo surgido após a revolução de 1820, centrada em torno da Carta Constitucional de 1826, outorgada por D. Pedro IV numa tentativa de reduzir os conflitos abertos pela revolução, dado o seu carácter menos radicalizante do que a Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822.-- ler mais
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As sete Mulheres do Minho, de Zeca Afonso,
cantada por Faltriqueira e Dulce Pontes .
da Biblioteca Nacional, aqui: AUTOR(ES):
Frondoni, Angelo, 1812-1891; Midosi Júnior, Paulo, 1821-1888, co-autor; Casa Moreira de Sá (Editores de música), ed. com. TÍT. UNIF.:
Hino do Minho, V, pf ASSUNTOS: Hinos políticos -- [Música impressa] ; Música para canto e piano -- Séc. 19
José Dias Coelho é um ícone do comunismo e da resistência antifascista em Portugal, evocado em poesia e música. Um grande activista estudantil. Um jovem artista plástico de talento que abdicou de uma promissora carreira para se dedicar de corpo inteiro à luta pela liberdade e pelo socialismo. Um dirigente comunista clandestino que foi assassinado a tiro pela polícia política, em pleno dia, numa rua de Lisboa a 19 de Dezembro de 1961.
(...)
A par de toda a sua actividade política, Dias Coelho dedicava-se também com afinco e talento à criação artística e a iniciativas culturais. Foi por, exemplo, um dos organizadores das Exposições Gerais de Artes Plásticas promovidas pela Sociedade Nacional de Belas Artes. - ler mais sobre a entrevista com Júlia Coutinho, investigadora que está a preparar uma biografia de José Dias Coelho - aqui
Ainda muito jovem, José Dias Coelho aderiu à Frente Académica Antifascista, e mais tarde, ao MUD Juvenil, em 1946.
Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitectura, que abandonou, para frequentar o de Escultura. .
Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país, é também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico. (...) . Em 1959 entra para a clandestinidade, ao mesmo tempo que exercia funções no PCP, com o objectivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para dar cobertura às actividades dos militantes clandestinos. Exercia esta actividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de Dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa. . O assassinato levou o cantor Zeca Afonso a escrever e dedicar-lhe a música A morte saiu à rua. Da sua vida pessoal há ainda a salientar a sua relação com a também artista plástica, Margarida Tengarinha. -- fonte
Escultor, desenhador, pintor, José Dias Coelho(Pinhel, 19 de Junho de 1923 — Lisboa, 19 de Dezembro de 1961) viveu e morreu por uma causa que inviabilizou o desenvolvimento pleno da sua produção artística, afinal voluntária e conscientemente interrompida em nome de um imperativo político: a liberdade. - ver aqui
JOSÉ DIAS COELHO em Vidas Lusófonas:
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«Muito te doía o sofrimento do próximo. Não foi por acaso que fizeste o retrato da Catarina Eufémia, aquela ceifeira grávida, com um filho de oito meses ao colo, e mesmo assim fuzilada, nas terras de Baleizão, pelo Tenente Carrajola da GNR. Ainda te ouço a dizer:
- "Das sementes lançadas à terra, é do sangue dos mártires que nascem as mais copiosas searas".» -- ler mais aqui
Discurso Tardio à Memória de José Dias Coelho
Éramos jovens: falávamos do âmbar
Morte de Catarina Eufémia, desenho de J. Dias Coelho
ou dos minúsculos veios de sol espesso
onde começa o vero; e sabíamos
como a música sobe às torres do trigo.
Sem vocação para a morte, víamos passar os barcos,
desatando um a um os nós do silêncio.
Pegavas num fruto: eis o espaço ardente
de ventre, espaço denso, redondo maduro,
dizias; espaço diurno onde o rumor
do sangue é um rumor de ave –
repara como voa, e poisa nos ombros
da Catarina que não cessam de matar.
Sem vocação para a morte, dizíamos. Também
ela, também ela a não tinha. Na planície
branca era uma fonte: em si trazia
um coração inclinado para a semente do fogo.
Morre-se de ter uns olhos de cristal, morre-se de ter um corpo, quando subitamente uma bala descobre a juventude da nossa carne acesa até aos lábios.
Catarina, ou José – o que é um nome?
Que nome nos impede de morrer,
quando se beija a terra devagar
ou uma criança trazida pela brisa?