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08/03/13

Mulher

Não é nenhuma das da foto, mas estará certamente entre elas. Comovi-me quando a ouvi ontem na TVI, a tristeza, a determinação tantas :
mais fotos aqui
«Chávez, 
¡Estoy aquí con las botas bien puestas, negro! 
Aquí estoy siguiendo amándote, 
siguiendo tus pasos, 
¡siguiendo lo que me enseñaste de la revolución!»

06/02/13

uma escola ferida de morte-morrida

recebido via e-mail:

-- CARTA ABERTA

do Pessoal Docente e Não Docente da Óscar Lopes 

Morreu um de nós: um daqueles que zelava pela segurança de todos (alunos, funcionários e professores); o nosso elo mais forte, em pleno exercício das suas funções. 
de Munch, img esticada
Para evitar que um aluno maltratasse um colega fazendo perigar a sua vida, durante a aula, mesmo perante a pronta ação do professor e de um funcionário, foi pedida a intervenção dos vigilantes da escola para que aquele fosse conduzido à Direção Executiva, a fim de que esta acionasse os técnicos da Escola Segura. 
Desde o início do comportamento de extrema violência, materiais foram destruídos, funcionários e docentes ameaçados de morte verbalmente e agredidos fisicamente. O esforço dos vigilantes em controlar tais atitudes foi imenso, mas não conseguiram evitar a destruição descontrolada de mesas, quadros, armários, cadeiras e os atos de ataque físico. Já na Direção Executiva, e perante o continuado comportamento violento, o vigilante Correia, manietando o aluno, manteve-se como pilar determinante na segurança física de outros elementos da comunidade educativa, que tentavam também intervir. Mais de dez pessoas tentaram, sem sucesso, conter o aluno!

Assim, perante uma violência física e emocional tão demorada e brutal, o vigilante Correia colapsou. 

De imediato foi assistido por professores e funcionários que lhe fizeram as manobras de reanimação (respiração boca a boca e massagem cardíaca) até à chegada do INEM, que prestou toda a assistência possível que, no entanto, se mostrou ineficaz para salvar o Sr. Correia.

Estamos profundamente abalados e consternados com o falecimento do colega em pleno exercício das suas funções, num local, por excelência, educativo, onde uma morte nesta situação é inaceitável. Estamos de luto, estamos perante algo que não conseguimos aceitar e, por isso, não sentimos capacidade de gerir emocionalmente uma situação tão dramática; estamos na escola sem darmos aulas, incapazes de pedagogicamente abordar o assunto junto dos restantes alunos. Todos os que se encontravam na escola ficaram em choque.

Como pode isto ter acontecido numa escola? Que ambiente se vive? Que aprendizagens se fazem quando há quem possa frequentá-la enchendo-a de ameaças e de violência? O contexto escolar do Agrupamento está pormenorizadamente descrito no Projeto Educativo. Todos os profissionais que nele trabalham estão conscientes do universo em que se movem e procuram por todos os meios ajudar a orientar crianças e jovens de um meio problemático, com fragilidades várias, com comportamentos difíceis de gerir. Temos uma equipa técnica preparada e muito ativa, no âmbito dos recursos TEIP. Lidamos com os problemas que vão surgindo e conseguimos muitos resultados positivos.

No entanto, há sempre um pequeno número de alunos, bem identificados na escola, que ultrapassam todos os limites do aceitável numa comunidade escolar, pois põem em risco os seus membros, a nível físico e psicológico, de forma sistemática: não aceitam a autoridade de ninguém, pelo que não cumprem as regras da escola, nem as mais básicas de convivência; ameaçam; aterrorizam; agridem. 
Em relação a estes alunos já tudo foi feito, desde as estratégias aplicadas pelos professores e pelos diretores de turma para motivar o aluno para a aprendizagem e para a socialização, passando pelas medidas previstas no Estatuto do Aluno, completamente ineficazes para estes casos. Tiveram a intervenção do SPO, GAAF, ADEIMA, CPCJ, Tribunal de Menores. Aos diretores de turma são pedidos relatórios, pareceres, esclarecimentos de todos estes organismos.
Enquanto isto acontece e durante anos, a situação destes alunos na escola mantém-se inalterada, até os jovens saírem da escolaridade obrigatória ou terminarem o ciclo de estudos. Isto é, embora várias instituições estejam envolvidas, a escola tem de manter os alunos ou transferi-los para outras escolas, deslocando o problema, não resolvido, para os outros. Estes continuam assim a ameaçar e a agredir colegas, funcionários e professores, continuam a impedir os colegas das turmas em que estão inseridos de poderem ter um ensino de qualidade, minando as aulas. Têm e criam um sentimento de poder e impunidade, de ausência de limites, que é o oposto do que lhes deveria poder ser ensinado. A escola regular não pode dar a estes alunos a resposta de que eles precisam. A tutela não está a cumprir o seu papel, que inclui o de resolver a situação destes alunos e o de proteger o direito à educação e à integridade física e psicológica de todos os outros e de quem trabalha nas escolas.

Por estes motivos, dirigimo-nos à Tutela, exigindo que, com a maior urgência, se debruce sobre este problema e o resolva eficazmente, criando acompanhamento adequado às crianças e jovens com comportamentos disruptivos, que põem em riscos elementos da comunidade escolar em que se inserem. Este acompanhamento terá de implicar o afastamento destes jovens das escolas regulares e a sua integração em ambientes controlados, específicos e preparados para este tipo de perfil psicológico.

Morreu o Sr. Correia, dizemos. Já tinha problemas de saúde, dirão. Nos olhos uns dos outros lemos «Mataram o Sr. Correia». 

Matosinhos e EB 2, 3 Professor Óscar Lopes, 31 de janeiro de 2013 

Assinatura de docentes e não docentes

22/10/11

a oeste .. nada de novo ..

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enviado pela Sílvia :)

«Pode ser legal, como eles argumentam, mas é imoral!


No dia em que vem a público o facto de que, no próximo ano, me vão à carteira de modo violento, vil, em claro abuso de poder e seguramente sem precedentes, remeto uma notícia que saiu há alguns dias, e que por
"alguma" razão não recebeu a atenção devida.
Escandaloso! Que pelo menos tenham a dignidade de dar o exemplo!!!»

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Não têm, querida Sílvia .. e dar o exemplo é opção que nem se lhes põe!
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E eu, que sou ingénua e idealista, utópica qb, pergunto-me .. esta gente não tem problemas de consciência? Não os incomoda o facto de haver milhares de compatriotas seus que, neste momento, não têm, sequer, dinheiro para comer? Para alimentar os filhos? Gente que conta cada tostão, que se fixa no calendário como se pudesse antecipar o fim do mês, a casa para pagar, as contas acumuladas do supermercado e os juros, os remédios que deixou de comprar, felizmente o inverno tarda, este sol que parece compadecer-se de quem virá a ter frio, frio até na alma, e as contas por pagar, as contas que crescem e se acumulam e os cortes que vêm e os que virão, a impossibilidade a depressão a violência e a loucura, morte.
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E são os velhos e as velhas, sozinhos, doentes, miseráveis. Pensionistas presumidos de deverem tudo a todos, como se não tivessem passado uma inteira vida trabalhando, descontando, esperando que.
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E são os desempregados tantos deste país e o desespero que lhes sei, o futuro só emigrando, assim tenham a idade pouca, as forças muitas.
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de Max Ernst, 'o triunfo do surrealismo', 1937
E são já, também, os ditos 'remediados', os ex-classe média-que-desapareceu deste mapa, triste.
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Sei melhor de professores, do que oiço todos os dias. E sei de mim e do tão perto que estamos todos de nos tornarmos sem-abrigo, as casas que durante décadas nos incentivaram a comprar, só isso que fosse. 99% de pobres; de muito pobres; de pobres extremos. Mil e quinhentos euros por mês cotejados com dez mil, cem mil, cem milhões.

E eles .. Eles - a quem um cartão, laranja, rosa, garantiu a vida-airada, o futuro certo. Eles - que têm a desfaçatez de me pedirem sacrifícios, ano após ano, após ano, a pequenez do meu salário justificado por crises sucessivas - e já lá vão 20, 30 anos, a minha magra, incerta, futura reforma e eles multiplicando as suas, pobres só de princípios, idiotas sem remorso e sem perdão.
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E penso .. quando estivermos todos mortos de fome de frio de cansaço, tristeza, morte morrida, quem vai sobrar para lhes pagar, a eles, a vida fácil, a prosápia que se permitem, a des-existente consciência?

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excerto da notícia:
Dois membros do Governo vão receber um subsídio de alojamento de 1150 euros mensais, isto apesar de serem proprietários de uma casa na região da grande Lisboa.

De acordo com um despacho publicado em Diário da República, dois ministros e sete secretários de Estado terão direito a este apoio do Estado, por terem residência permanente a mais de 100 quilómetros da capital. Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, e José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, são dois dos nomes abrangidos. Mas têm uma particularidade. De acordo com a declaração de rendimentos entregue no Tribunal Constitucional, ambos têm casa própria em Lisboa.

Estes casos não merecem ressalva na lei – um decreto de 1980, assinado pelo então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, e pelo ministro das Finanças, Cavaco Silva

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pois. e vêm-me à memória os meus dois anos de estágio, obrigada a concorrer a um distrito, sentença de quatro anos: condenados ao desterro, eu, ele. 1986 e aquela cidade-fantasma de santo andré, 150 km de distância e a casa acabada de comprar, o empréstimo as prestações os juros o filho de um ano, desculpa, amor, desculpa, pudesse eu voltar atrás. o companheiro em alcácer do sal e eu ali desterrada, o filho doente o infantário o estágio as idas à ese de setúbal, a sugestopedia, os trabalhos, as aulas assistidas. as alergias. a cidade fantasma, a saudade. primeiro ano, antibióticos do natal à páscoa, o meu filho de um ano. as corridas para o hospital em lisboa, segundo ano. a casa da mãe, cento e cinquenta quilómetros, a gasolina o carro velho as saudades os fins de semana-só. eu estreando-me em ansiolíticos. a dor. a dor. em 87-88 morri, morremos. 'subsídio'? só de sangue, vidros. três pedaços rotos quando uma simples, lógica, humana, desejada permuta. - inconcedida, "o vosso mal foi terem entrado pelas vias legais". o fim. sísifos numa peça de kafka, dois magros salários para três rendas, as viagens as lágrimas o infantário. o filho doente, doendo, longe e os remorsos os remorsos, remorsos. meu filho. desculpa amor, pudesse eu voltar atrás..