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24/05/13

Avoila quer a taça

 
Expresso.pt
por Daniel Oliveira


O ataque aos funcionários públicos é de tal dimensão (com perdas salariais em apenas dois que estarão entre os 10% e os 15%, o roubo aos seus pensionistas e a preparação de um despedimento cobarde e à margem de qualquer lei) que é difícil imaginar que mais do que meia dúzia de funcionários do Estado deixem de fazer greve quando ela for marcada. Não sei se há condições, porque isso resulta em mais perdas salariais, para ir mais longe do que a greve simbólica de um dia. Saberá quem está no terreno. Sei que nunca alguma greve dos funcionários públicos foi tão justificada e que ela deve ser tão firme quanto possível para travar esta loucura. Não são apenas os funcionários públicos que estão em causa. Somos todos nós. 

A primeira regra para quem esteja convicto de que este governo é uma catástrofe para o País e para quem lhe queira resistir é pôr pequenas guerras de protagonismo de lado e tentar que tão amplo descontentamento seja plenamente representado. A eleição do novo secretário-geral da UGT e os primeiros encontros entre as duas centrais sindicais são, desse ponto de vista, uma boa notícia. Só espero que sejam consequentes. 

Mas não foi preciso passarem muitos dias para que, no terreno, se sentisse o pior da vida política nacional. Ana Avoila, que representa a Frente Comum de Sindicatos da Função Pública, decidiu anunciar uma greve sem informar os restantes sindicatos. Perguntada se não seria mais eficaz uma greve marcada por todos respondeu, sem grandes justificações: "Não acho nenhuma greve conjunta melhor". Perguntada porque não informou os restantes sindicatos, alguns deles bastante representativos, disse, num tom de arrogância quase infantil: "Eu não tenho de dizer, digo se quiser". E concluiu: "Nós decidimos a nossa greve". Como se a greve fosse um brinquedo seu e não um direito, que se traduz em sacrifícios, dos trabalhadores. 

É provável que os sindicatos que Avoila acha que não interessam acabem por seguir a marcação da greve da Frente Comum. Fazem bem. Há valores que devem ser postos à frente da guerra de protagonismos. Defender os funcionários públicos e os trabalhadores é muito mais importante do que estas pequenas guerras. Mas obrigo-me, como alguém que aqui já várias vezes criticou a postura da UGT e dos seus sindicatos face ao que está a ser feito, a deixar esta nota: Com esta postura, a sindicalista Ana Aivola não se comportou como uma sindicalista. Comportou-se como uma preciosa aliada de Vítor Gaspar. Porque contribuiu para a divisão entre trabalhadores e deu uma péssima imagem dos sindicatos que os devem representar. 

Infelizmente, o que vem aí é demasiado grave. Felizmente, a revolta e a determinação dos funcionários públicos estará acima destas coisas. Felizmente ou infelizmente, Ana Avoila é demasiado trapalhona (para não dizer outra coisa mais desagradável) para conseguir disfarçar o absurdo da sua indecorosa posição. Também é por estas e por outras que o sindicalismo vive tempos difíceis. É que não são apenas alguns patrões e o governo que veem esta crise como uma oportunidade. Há quem, quando se opõe a ele, não resista a querer levar uma taça para casa.

1 comentário:

Contra.facção disse...

Vou fazer link para as 17:00. Obrigado