- as imagens das colunas laterais têm quase todas links ..
- nas páginas 'autónomas' (abaixo) vou recolhendo posts recuperados do 'vento 1', acrescentando algo novo ..

21/10/12

de "gorduras" e pedagogia

recebido por e-mail

texto de Daniel Oliveira, no Arrastão
de Marcel Duchamp, dadaísta


«O economista Nuno Moniz fez um excelente exercício. Criou uma aplicação em que as pessoas podem colocar os seus rendimentos anuais e ficam a saber quanto vão pagar (isto sem deduções) e para onde vai o seu dinheiro. 
O exercício é pedagógico. Porque diz onde estão as famosas "gorduras" que se querem cortar. E porque diz para onde vão os nossos impostos em despesas em que não quer tocar. 

Fiz o exercício com um casal com dois filhos que receba 24 mil euros por ano. Ou seja, mil euros brutos por mês cada um
O agregado paga 5,7 mil euros de impostos. 472 euros por mês. 
69 euros vão para a saúde. 
61 euros vão para a educação. 
Até agora, é dinheiro bem empregue. 
78 euros vão para a segurança social, quase tudo para as transferências do Estado. 
18 euros vão para a defesa 
e outros 18 vão para a segurança. 
10 euros vão para a justiça. 
Um euro vai para a cultura, esse sorvedouro de dinheiro que os ultras do regime abominam. 
Um euro vai para a habitação. 
19 euros vão para as autarquias. 
Já agora: 60 cêntimos vão para a Assembleia da República. Talvez ajude a refrear um pouco o populismo.
A maior rubrica é a das Finanças: 180 euros por mês. 
Mais de 11 euros vão para as PPP's. 
Mas o que realmente sai caro é isto: 64 euros vão para os juros da dívida. 
Ou seja, dos 472 euros de impostos, mais de 60 vão para pagar juros a bancos
Não é a dívida, entenda-se.  
As famílias pagam o mesmo em juros do que pagam, por exemplo, para garantir educação gratuita para os seus filhos. E esta é a única parte dos seus impostos em que a direita no governo e a que o contesta não está disposta a mexer.  
Quando lhe falam em cortes na despesa, é sobretudo na educação, saúde e segurança social de que estão a falar. Aquelas em que seguramente o nosso dinheiro deveria ser mais útil.
Ou um casal com dois filhos e dois mil euros por mês acha excessivo pagar 130 euros por educação e saúde? Algum privado, apesar de toda a lenga-lenga sobre a liberdade de escolha, o garante a este preço? 
Este é o Estado que eles querem emagrecer. Porque, dizem, é incomportável.
E há a parte da despesa em que não querem tocar: os mais de 64 euros por mês para os juros da dívida. A mesada que damos a quem, diz-se por aí, nos resgata. Tudo é negociável. Nenhum compromisso, a começar pelos compromissos sociais, vale nada. Mas estes juros são, para esta gente, inegociáveis.
Está ou não está tudo de pernas para o ar?» 

Daniel Oliveira


2 comentários:

trepadeira disse...

Deixo um bom complemento:

http://5dias.net/2012/10/21/um-livro-incontornavel-para-provar-sao-os-trabalhadores-a-pagar-o-estado-social/

Um abraço,
mário

AL disse...

obrigada pelo complemento, Mário!
abraço,
ana