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08/07/15

"A resistência grega"

foto e texto retirados do Aventar,
08/07/2015 

por João José Cardoso

A resistência grega

“A política na Europa tem de ser sempre de direita para manter a zona euro intacta” – José Gomes Ferreira (ligação para Facebook

Era uma vez um consenso, entre a casta que domina a Europa dita democrática, e que mantendo a designação de socialista ou democrata-cristã bebe toda da mesma fonte, o neoliberalismo. Por esse consenso a escolha eleitoral dos povos estava restringida a eles próprios, excluindo obviamente a esquerda, esses perigosos comunas. Não Há Alternativa, declarou um dia um verme que proclamava não existir essa coisa da sociedade. E estava tudo a correr tão bem, os países mais ricos enriqueciam, os mais pobres enriqueciam alguns dos seus por conta de privatizações e do desvio dos fundos comunitários para negócios improdutivos. A Sul a corrupção alastrava, em toda a parte a alta finança especulava em liberdade. Estava tudo a correr tão bem, as desigualdades em crescendo, a liberdade de expressão presa na imprensa dominada pelos mesmos donos, a mesma casta, tudo assegurava a tranquilidade, a paz, um futuro brilhante.

Era uma vez uma fábula que um dia tropeça num país pobre, de ilhas e pedras. Onde um povo que sabe ter de seu o que conquistou disse que já chegava. Correu com os bandidos mais próximos, os dois ou três partidos que sempre a governaram, e escolheu um governo de esquerda.

Heresia, gritaram em Bruxelas, em Berlim, em Lisboa e Madrid. Os dogmas só sobrevivem quando o engano subsiste. E um grão na engrenagem pode destruir toda a engrenagem.

É onde estamos. A aflição actual resume-se nisto: se cedem ao governo grego perdem as eleições em Espanha, em Portugal e na Irlanda. E têm de abater a dívida com que a Grécia foi cilindrada. Não cedem, expulsam a Grécia do euro, perdem na mesma o celebrado calote (os idiotas quem andam por aí preocupados com o que a Grécia deve a Portugal esquecem que de imediato pelo menos 50% marcham com a desvalorização da nova moeda) e também não ficam em bons lençóis eleitorais, a especulação financeira trata-lhes daquilo a que chamam “recuperação de economia”, uma fantasia que proclama estarmos a recuperar (e estamos, ou melhor, eles estão: a venda de automóveis de luxo tem corrido muito bem em Portugal).

Verdade se diga que o prejuízo é aparente em caso de saída da Grécia: o BCE pode muito bem resolver o problema, uma vez que assumindo o prejuízo só tem de fazer dinheiro para o compensar. Mas isso viola 372 dogmas do neoliberalismo e, coitados, já lhes vai doer que chegue ver como um país com moeda própria e um governo de esquerda consegue recuperar a sua economia.

Claro que há outra opção: ressuscita-se a Wehrmacht e vai-se a Atenas cobrar a dívida. Desconfio é que essa possibilidade, se referendada na Alemanha, levava com um valente oxi. Ou nein?

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