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22/03/16

"Nunca mais haverá sossego na Europa. "

do fb
por Manuel Tavares

A chamada "Primavera Árabe" só agudizou toda a situação no médio oriente e no norte de África, colocando os muçulmanos moderados numa situação difícil, fazendo com que décadas de tentativas de secularização de sociedades, ainda em boa parte mergulhadas numa religiosidade típica da idade média, fossem deitadas por terra. 

Os óbvios interesses económicos e geoestratégicos do eixo anglo-americano com o apoio de líderes europeus fracos, corruptos e traidores levou a que a situação de insegurança na Europa seja hoje uma lamentável realidade. 

Os líderes do mundo ocidental tiveram e têm uma duplicidade de critérios gritante em relação a países como a ditadura Saudita (medieval e religiosamente fanática) em comparação com outras ditaduras da zona apesar de tudo fundamentalmente seculares e muito mais progressistas em relação aos direitos das mulheres e que conseguiam um equilíbrio entre as várias etnias e sensibilidades religiosas que constituíam uma ideia de Estado, mesmo que precária ou mantida coercivamente. 

Hoje em dia o que é a Líbia? Ironicamente um país classificado no tempo da ditadura Kadafi como terrorista é hoje um ninho de terroristas do pior! Uma terra de ninguém! Um não-Estado! 

Ali ao lado até a Tunísia já não garante férias sossegadas apesar de ser o fruto menos mau da Primavera Árabe, o Egipto está transformado no que se sabe, o Iraque é uma anedota, o Iémen é vítima de genocídios indiscriminados por parte das forças sauditas e companhia limitada, a Síria já todos sabem o que se passa porque está na ordem do dia, Israel e Palestina não avançam um centímetro em décadas de conflito, a Turquia agora serve de Estado-tampão a troco de uns trocos comunitários, pelo meio foi-se tentando transformar a ditadura religiosa Iraniana no bode expiatório de todos os males da zona mas sem grande sucesso ( mesmo sendo uma ditadura religiosa consegue ser menos má que a Saudita ). 

Com tanta confusão mesmo à sua porta parece-me que a chamada crise dos refugiados sírios acaba por ser uma gota de água tendo em conta o que de mal pode suceder à Europa nos próximos tempos. Talvez uma nova "cimeira dos Açores" venha salvar a situação ...

A propósito dos atentados de Bruxelas

do fb
por Carlos Matos Gomes

A propósito dos atentados de Bruxelas (mas podia ser sobre os de Paris, ou de Londres, ou dos que se seguirão). Oiço: os jovens terroristas radicalizaram-se nas mesquitas da Europa. Radicalizar quer dizer: tornaram-se terroristas religiosos. Nunca ouvi perguntar pelas razões porque vieram os pais dos terroristas para Paris, para Londres, para Bruxelas… 

A resposta não é agradável para os políticos europeus e americanos do pós guerra fria, do pós colapso da União Soviética. Um pequeno e pouco rigoroso exercício de memória: 
Nos anos oitenta, nos países de onde vieram os pais dos terroristas religiosos, os tais que se radicalizaram, existiam regimes laicos – não eram democracias ocidentais, mas as mulheres andavam de cara descoberta, de perna ao léu, ouvia-se música ocidental, aprendia-se inglês, ou francês, dançava-se. O regime sírio de Hafez el-Assad era tolerante em termos de religião e de costumes. Assim como no regime de Saddam Hussein, no Iraque. Na Pérsia (agora Irão), o Xá da Pérsia, Reza Pahlevi tinha uma mulher toda práfrentex – Farah Diba – depois de se divorciar de outra também muito igual às ocidentais das revistas cor-de-rosa, a triste Soraya. Bebia-se e dançava-se em Teerão. Os ayatollahs eram considerados uns grunhos, tipo cardeal Torquemada da Inquisição. No Egito de Nasser e de Sadat as mulheres tomavam banho de bikini, bebia-se, ouvia-se música, viajava-se. Discutia-se. Na Turquia dos continuadores de Ataturk o mesmo, um ambiente aberto ao mundo. No Afeganistão até existiu uma República Democrática de 19778 a 1992 – não foi assim há tanto tempo, que o génio visionário de Ronald Reagan substituiu pelos mujahideen governo republicano e liberal que tinha sido instituído por Zahir Saha, porque era pró-soviético. Reagan e os seus cabeças de dólar preferiram o Ben Laden e a Alqaeda! Bela escolha! Na Líbia, Khadafi não era flor de estufa, mas tomava conta da porta da África negra e dos islamitas radicais – o Ocidente (a França e a Inglaterra) matou-o. 

Todos os regimes que, com mão mais ou menos pesada, mantinham os fundamentalistas religiosos em respeito foram derrubados pelo Ocidente e pelo Ocidente substituídos por bandos chefiados por clérigos fundamentalistas, assassinos, traficantes avulso que são a base do Estado Islâmico, do Daesh ou de como queiram chamar aos nazis islâmicos. Isto em nome da democracia, que os treinou e armou para destituir o Assad da Síria que impede o assalto das petrolíferas aos poços do Irão! Na realidade esses regimes laicos foram derrubados e substituídos para o Ocidente e as suas empresas petrolíferas e de armamentos agirem e explorarem à sua vontade os recursos desses países. Escapou a esta limpeza petrolífera, em nome da democracia, o ninho da serpente: a Arábia Saudita! 

A destruição dos regimes mais ou menos laicos do médio oriente e da bacia do Mediterrâneo para as petrolíferas ocidentais e as empresas de armamento fuçarem sem restrições provocou uma vaga de emigrantes, que a Europa recebeu deixando-os à vara larga, em autogoverno, à margem das leis locais. O Ocidente chamou globalização e mercado livre ao saque das suas companhias feito sobre as riquezas locais. Chamou democracia ao governo de cúmplices locais. Chamou multiculturalismo à irresponsável demissão de vigilância sobre o comportamento dos parias que acolhia. Os Estados do Ocidente entregaram a sua estratégia aos seus mercadores, demitiram-se de defender internamente os seus princípios civilizacionais e agora admiram-se que, depois de admitida a poligamia, a violência sobre as mulheres, a imposição de leis à margem das leis nacionais e da cultura dos países de acolhimento, os jovens radicalizados entendam que o Ocidente é uma terra de infiéis. Têm razão: somos infiéis à nossa cultura e aos nossos princípios. 

Os atentados de Paris e de Bruxelas e os que se seguirão devem-se à criminosa ausência de princípios, e à ganância de políticos com nome: Reagan, Tatcher, Bush, Blair, Kissinger, Zbigniew Brzezinski e, mais perto, Sarkozy, Hollande, Cameron… 

Os mortos de hoje merecem uma reflexão para prevenir o futuro. É a melhor forma de os respeitar. 


(Nas fotos: Ben Laden com Zibgniew Brzezinski e Bush com o amigo saudita)

com o coração apertado ...

de Egon Schiele
Os atentados de Bruxelas doem-me ainda mais fundo que os de Paris, tenho lá o meu irmão, a minha cunhada, a minha sobrinha. E odeio de um ódio visceral quem assim se arroga o direito de ceifar vidas inocentes e de espalhar o terror, semear o medo.
E tenho o coração apertado de preocupação e angústia, por eles, pelo meu filho longe. Choro as famílias hoje enlutadas.

E tento perceber, encontrar caminhos que acabem de vez com esta barbárie. E questiono-me sobre a eficácia, nenhuma, deste "combate ao terrorismo" desde os ataques de 2001, nos EUA, aquela invasão do Iraque tão iniciadora de tudo.

E não posso deixar de olhar as vidas desfeitas dos milhares de refugiados que fogem deste mesmo horror, encurralados e indesejados, vítimas, também eles, de facínoras iguais a estes, os jihadistas e os outros, carregados de armas e de bombas e de drones, desses que, incondenados, lhes vêm destruindo as cidades e os países, há anos, todos os dias.


Não posso deixar de me interrogar sobre as causas profundas das coisas, as culpas, várias, e as conivências, os que ganham com estas guerras e guerrilhas.


E não posso aceitar este "olho por olho, dente por dente", que mais não tem feito que generalizar as guerras e espalhar a morte e a dor, sempre de inocentes, cá ou lá. 


E penso, que raio de instituições são estas, as europeias e as outras? Que raio de utilidade têm as Nações Unidas, assim tão cegas e surdas, tão inoperantes e coniventes?