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05/05/14

de "saídas limpas" e outras estranhezas

no DN,
02 maio 2014

por Viriato Soromenho Marques

Mais perdas do que ganhos 

Depois destes três anos de voragem, todos temos a obrigação de estabelecer um balanço do "programa de ajustamento". 

Na minha leitura, os ganhos são frágeis e conjunturais, enquanto as perdas são estruturais, e algumas até irreparáveis. 

O equilíbrio das contas externas é a nota positiva, mas uma análise mais fina revela que ele só ocorreu devido a uma redução das importações, em virtude da contração da procura interna. 

Por outro lado, a redução da despesa pública, como na saúde e na educação, ultrapassou em muitos casos a linha vermelha da entropia de instituições e serviços. 

A redução do défice foi obtida através de uma austeridade mais baseada no aumento dos impostos do que em cortes inteligentes da despesa. 

Os falhanços estruturais são imensos. Desde logo uma dívida pública que não cessa de aumentar (e a redução da dívida foi o motivo deste programa!), e cuja gestão futura se assemelha a uma roleta russa. 

O aumento vertiginoso do desemprego e a explosão da emigração criam problemas sociais permanentes e alienam recursos humanos válidos e insubstituíveis por um período que só poderá ser de longa duração. 

A redução do PIB e o aumento da pobreza demorarão anos a ser compensados por taxas anémicas de crescimento. 

Uma trajetória que arrisca a deflação, aumenta ainda mais os custos do crédito e do investimento, que seriam indispensáveis para o aumento da competitividade. 

Como coroa do desaire, a gestão danosa dos ativos públicos, através de privatizações que lesam o interesse nacional, reduzem o Estado a uma entidade virtual, incapaz de se assumir como um criador de estratégias que compensem a total dependência em que o País se encontra de decisões alheias. 

E o facto de este cândido balanço não ser unânime revela que, mesmo no plano da ética pública, nenhuma lição parece ter sido aprendida.  -- fonte
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