por Miguel Vale de Almeida
de Helena Almeida |
Admiramo-nos, e bem, com a capacidade para a mentira e a ausência de escrúpulos do governo. No entanto, se pensarmos bem, a cultura em que o meio social do governo cresceu e vive não vê a mentira como mentira nem a ausência de escrúpulos como tal.
Uma cultura de sucesso empresarial e profissional, bem como de status e aparências, guia-se pelo objetivo e pelos resultados finais, nunca pelo processo ou pelos valores éticos de base. O sucesso da minha empresa mede-se pelos lucros, o que justifica todas as estratégias e táticas usadas para lá chegar - assim como o meu sucesso estatutário se mede pelo reconhecimento das aparências certas pelos outros, nunca pelas contradições, hipocrisias, segredos, ou atos contrários à moralidade propagada pela narrativa das aparências.
É também por isto que é bem possível que não tenham consciência - uma consciência moral, reflexiva - das mentiras que propagam, dos escrúpulos que abandonam. Sabem que mentem, sim, mas a mentira é instrumentalmente justificada. É nisto que reside o horror.
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