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01/10/13

de vencedores-mais-ou-menos

por Miguel Abrantes
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| 30.09.13

PARE, ESCUTE E OLHE: UM COMBOIO PODE ESCONDER OUTRO  


O PS venceu as eleições autárquicas, tendo conseguido a presidência de 149 câmaras municipais, fasquia que nenhum outro partido atingiu até agora. O PSD, cuja organização assenta no caciquismo local, sofreu uma derrota avassaladora. 

Apesar deste vendaval (como lhe chama hoje o Público), uma leitura mais atenta dos resultados globais (http://autarquicas2013.mj.pt/) sugere que se tenha alguma contenção nos festejos. Perante a violenta ofensiva da direita para destruir o Estado social e eliminar os direitos laborais, o PS não consegue superar os resultados que obteve em 2009, quando o país estava a ser varrido pela maior crise internacional dos últimos 80 anos. Veja-se: 
  • Em número de votos, o PS desce em relação a 2009 (menos 270 mil), valor só parcialmente explicável pela abstenção, que tenderá a manifestar-se mais entre os eleitores da direita, desmotivados com a política do actual governo; 
  • Em percentagem de votos, o PS alcança um resultado inferior para as câmaras municipais (36,25% contra 37,67% em 2009), para as assembleias municipais (34,94% contra 36,67% em 2009) e para as assembleias de freguesia (34,69% contra 36,28% em 2009); 
  • Embora tenha obtido mais presidências de câmara (132 em 2009), o número de câmaras em que o PS obteve maioria absoluta é igual em 2009 e 2013 (119); 
  • Relativamente a presidências de juntas de freguesia, o PS desceu (1.272 contra 1.577 em 2009); 
  • Quanto a mandatos, o PS atinge o mesmo número que alcançara para as câmaras em 2009 (921), mas obtém menos mandatos para as assembleias municipais (2.657 contra 2.855 em 2009) e para as assembleias de freguesia (10.790 contra 13.736). 

Mas o aspecto mais relevante destas eleições é a circunstância de a enorme erosão do PSD no eleitorado urbano não ter sido cabalmente capitalizada pelo PS. As importantes vitórias obtidas em Gaia, Sintra, Coimbra e Vila Real são ofuscadas pelas perdas infligidas pelo PSD em Braga e na Guarda e pela CDU em Beja, Évora e Loures. A ideia que fica é que os êxitos conseguidos pelo PS nos concelhos rurais (ou com menos população) não tiveram correspondência nos grandes centros urbanos.

Associada a isto, há uma desilusão não negligenciável com o sistema político, de que são sinais o aumento da abstenção (de 41% para 47%), a subida dos votos brancos e nulos (de 3% para 6,8%) e, num certo sentido, a própria votação de protesto na CDU (11,06% contra 9,75% em 2009).

Neste contexto, muito embora as eleições revelem que a coligação de direita já não tem condições para governar, mostrou também que os eleitores ainda hesitam em relação à capacidade do PS para ser alternativa, em resultado de uma oposição feita com falta de fervor.

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