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18/06/13

just another prick in the wall


de Francisco Teixeira (Notas)
- Terça-feira, 18 de Junho de 2013


 O RESCALDO DE UMA GREVE 

QUE MARCOU PORTUGAL

A sociedade portuguesa viveu e observou, ontem, talvez a maior greve de sempre dos professores portugueses. Também observou a pior gestão de sempre de um conflito por parte de um Ministério da Educação que não hesita em recorrer a medidas ilegais e plenamente imorais, para sabotar o legítimo direito à greve dos trabalhadores portugueses. 
 Mas, mais. Essa gestão atabalhoada e arrogante, incompetente e perdida, quase destruiu o valor da ideia de rigor e cuidado na organização dos exames das escolas portuguesas, fazendo-nos recuar mais de trinta anos.

E os portugueses também viram como, ainda greve ia a meio, já o ministro da educação remarcava o exame de português, contrariando-se a si próprio relativamente às supostas dificuldades de remarcações de exames, provando que a sua recusa em remarcar o exame de português para o dia 20 não constituía senão a marca do arrivismo governamental, que preferiu o caos a uma simples remarcação que permitiria salvaguardar o direito à greve dos professores e aos exames dos alunos.

Por que quis o governo esta confusão? 

Porque avaliou mal a sintonia entre os professores e os sindicatos; porque avaliou mal a dimensão do desastre em curso e a capacidade de luta dos professores; porque achou, por último e mais grave, como noutros setores sociais, que o caos que ele próprio produziu poderia servir os seus interesses de estigmatização da escola pública, dos professores e dos sindicatos.

3 more pricks
E assim Crato e Passos perderam em toda a linha. Mais de 90% dos professores fizeram greve, mais de 30% dos alunos não fizeram exame (mesmo que recorrendo o governo a professores de outras escolas para furarem o direito à greve da esmagadora maioria) e, por último, supremo sinal de profissionalismo dos professores portugueses, hoje os exames lá voltaram, organizados com todo o rigor, cuidado e seriedade, dando a imagem de uma classe bem acima do voluntarismo e da destrutividade ética de um governo insano e perturbador.

Agora, a luta continua. Porque esta luta, particularmente com um governo e um ministro da educação para além do bem e do mal, exige uma ainda maior consciência ética, cívica e de classe, capaz de compreender que este combate é de médio e longo prazo, de esforço cívico e pessoal, em nome do bem comum, das nossas escolas, dos nossos alunos, dos nossos empregos e de Portugal.

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