Professores portugueses são dos que perdem mais tempo a manter a disciplina nas aulas
A indisciplina dos alunos nas salas de aula preocupa, o horário é dos mais sobrecarregados e apenas 10% dos docentes acham que a sua profissão é valorizada pela sociedade. Mas em geral a esmagadora maioria está satisfeita com o seu trabalho.
de René Magritte, pintor belga |
Numa
aula normal, os professores portugueses perdem em média um quarto do
tempo a manter a ordem na sala e a realizar tarefas administrativas. É
um dos valores mais altos da OCDE (e da Europa em particular, só
superado por dois países), sobretudo por causa do tempo que os docentes
dizem gastar em sossegar os alunos: 15,7%, contra uma média de 12,7%. No
final, o tempo realmente dedicado a ensinar fica nos 75%.
Este é
apenas um dos dados analisados no maior inquérito internacional sobre
professores, conduzido pela OCDE e que envolveu mais de 100 mil docentes
do 3.º ciclo do ensino básico e diretores de 34 países. O estudo,
divulgado esta manhã, chama-se TALIS (Teacher and Learning Internationla
Survey) e pretende ajudar a definir políticas e medidas que ajudem a
construir uma classe docente de alta qualidade.
Ainda no que
respeita à disciplina, outros números confirmam que este é um dos
aspetos que afeta muitos professores portugueses. Quatro em cada dez
dizem que quando as aulas começam têm de "esperar bastante tempo até que
os alunos acalmem", tantos quantos os que afirmam "perder um tempo
considerável por causa das interrupções dos estudantes durante as
aulas". Tudo somado, um terço considera que "há demasiado barulho e
perturbação na sala". Todas estas respostas superam em muito a média
registada na OCDE.
Atrasos e vandalismo
O facto de os
alunos chegarem atrasados às aulas é outros dos fatores que os
diretores dos estabelecimentos de ensino apontam com mais frequência:
mais de metade (58%) respondem que isso acontece pelo menos uma vez por
semana entre os estudantes da escola. Atos de vandalismo e roubo, embora
minoritários, também ultrapassam a média da OCDE (7,4% contra 4,4% dos
diretores dizem que tal acontece semanalmente). Com expressão ainda mais
reduzida encontra-se o uso e posse de drogas e de álcool (3,6%), não
deixando, no entanto, de ser o segundo valor mais alto da OCDE, só
ultrapassado pelo Brasil.
Quanto aos horários de trabalho, o TALIS
conclui que os professores portugueses são dos que dedicam mais horas à
profissão. Em toda a OCDE só três países se destacam com valores
superiores e são asiáticos. Ao todo, os docentes portugueses dizem que
trabalham 44,7 horas por semana, contra uma média de 38,3 na OCDE.
Curiosamente, na Finlândia, conhecida pelos seus bons resultados
educativos, o número é dos mais baixos - 31,6.
Entre os fatores
que sobrecarregam os horários não está tanto o tempo despendido em
aulas, que está próximo da média, mas o tempo que se passa a corrigir os
trabalhos dos alunos e que não tem paralelo com mais nenhum país: são
9,6 horas por semana quando a média da OCDE se fica por metade.
Aparentemente, não são só os alunos portugueses que são chamados a fazer
mais trabalho extra-escola, já que os próprios professores têm depois
de avaliá-los.
Outro aspeto em que Portugal se destaca é no facto
de os professores consagrarem mais tempo do seu trabalho a tarefas
administrativas e a preencher papéis (3,8 horas por semana), um valor
que só é ultrapassado por alguns países asiáticos e, na Europa, pela
Suécia.
Apesar de considerarem que, de uma forma geral, não são
reconhecidos pelo seu trabalho - apenas 10% responderam concordar com a
afirmação de que a sociedade valoriza a profissão docente e a média da
OCDE é o triplo - e de quase metade pensar se seria melhor ter escolhido
outra profissão, a esmagadora maioria (94,1%) está satisfeita com o
trabalho. Mais até do que a média.
Ainda assim, há 16% de
'arrependidos', que preferiam ter escolhido outra profissão. A média na
OCDE fica-se pelos 9,5% e só na Coreia e Suécia há um descontentamento
maior.
ver abaixo:
*
ver abaixo:
........ testemunho de uma ex-aluna minha que, no 9º ano,
foi estudar para a Suíça .......
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