- as imagens das colunas laterais têm quase todas links ..
- nas páginas 'autónomas' (abaixo) vou recolhendo posts recuperados do 'vento 1', acrescentando algo novo ..

16/12/13

QUE MERDA É ESTA?

de Cruzeiro Seixas, A Paisagem Exteriormente
Neste momento estou reformada, nenhum vómito deste ministério dito da educação, nenhuma purulência deste vil ministro me afectam já, directamente. Saí, em antecipação e com o INdevido "castigo", sobretudo e precisamente pela incapacidade - física, moral, psicológica - de lhes aturar os desmandos contínuos.
...

Vejo agora constantemente citados, elogiados, resgatados, dois personagens que, fôssemos nós um país (pelo menos uma classe profissional!..) com memória e sentido de decência, não hesitaríamos em levar à barra dos tribunais, por má gestão e crimes de lesa pátria. Falo de José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, tão sinistro o ideólogo como a dileta executora,  matadores da escola pública e dos professores, eles antes deste, apatetado coveiro.

(fig.2) JN, 6-12-2013
A chamada Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades foi uma congeminação sua. (ler aqui) . Mais: contra ventos de "incompetência" e marés de "atrapalhação", MLR continua, hoje, a elogiar-lhe a bondade!(ver fig.2) O que ela verdadeiramente teme (estará a pensar regressar?!!)  é que o futuro da "sua" cria esteja comprometido!  A "sinistra-ministra" não esconde que quer a prova. Está longe de lhe questionar a legalidade e a utilidade! Uma burrice, diga-se, que, aproximando-a do doido de serviço, acaba por lhe esburacar essa imagem que tão empenhada tem andado a construir, armada --[ logo ela!!]-- em defensora da escola pública, da educação, da moral e mais do raio que a parta!

Dou-me ainda, às vezes, ao trabalho de tentar compreender, encontrar razões, argumentos, lógicas .. 
Uma prova de acesso à carreira/ avaliação de conhecimentos, .. para quê? Porquê? 
A ministra do governo "socialista", que em 2007 «pretendia iniciar as provas de acesso à profissão e tornar a avaliação numa rotina» (ver aqui) esgrimiu, com a famigerada ADD que tanta desestabilização iniciou, o equívoco argumento dos 'futuros' melhores resultados escolares. 
Pois.
Perguntem a qualquer professor, eventualmente, também, a qualquer aluno que tenha vivido o "antes" e o "depois": O que é que melhorou nas escolas, depois de Maria de Lurdes Rodrigues? Falo por mim, pela minha experiência profissional e pessoal: NADA.  
Tudo piorou, quando se destruíram, animicamente, os professores.
Tudo piorou quando o ECD imposto pela senhora que "ganhou o país", "perdendo-os", os transformou em burocratas de serviço e lhes infernizou a vida, as horas intermináveis passadas na escola, as tarefas insanas, o salário diminuído.
Tudo piorou com a transição da gestão democrática (que desde a revolução dos cravos vigorava nas escolas em Portugal) para a autocracia dos directores, aberto o caminho a potenciais ditadorzinhos sedentos de poleiro e de favores e à inerente corte de bajuladores e fieis servidores/informadores.
Piorou - e de que maneira! - o ambiente nas escolas. Onde havia cooperação e entreajuda, instalou-se competição e desconfiança. Onde antes se fazia (bem) por vontade, passou a fazer-se (mal) por obrigação, tudo muito registado em resmas e resmas de inúteis papeis.
Piorou - e de que maneira! - o estado de sanidade mental dos professores. Atacados e pressionados por todos os lados, menosprezados e contestados no seu papel social, desacreditados (quantas vezes publicamente!..) na sua competência e na validade da sua formação científica e académica (inicial ou contínua) e cada vez mais inseguros quanto ao seu futuro, redesenhado por uma sucessão esquizofrénica de leis, despachos e decretos justapostos e contraditórios, os professores "passaram" para os seus alunos, inevitavelmente, essa desestabilização e esse stress, a disponibilidade para se darem ao "outro" comprometida, inviabilizada.
A "mete-nojo", portanto, que se cale de vez!!!. A sinistra-Lurdes -- que deu cabo da gestão democrática das escolas; que inventou (ela, sim!) a prova de acesso à carreira docente; que criou os hediondos e desumanizados mega-agrupamentos de escolas; que hostilizou quanto pôde e com prazer sádico os professores deste país -- NÃO TEM LEGITIMIDADE MORAL (por muito pior que nos tenha saído o putativo sucessor!) para vir falar, nem da escola pública, nem dos professores, nem de educação!

Relativamente a esta PACC que ela pariu e a que o outro quer dar paternidade,
Não interessa se uns escapam, outros não.
Não interessa se o que, hoje, ameaça uns, pode, futuramente, ameaçar outros.
Não é por aí que devíamos ir. A questão fulcral é a da DIGNIDADE.
Tudo o que agride a nossa inteligência, por ilógico e carecendo de sentido, devia ser rejeitado à partida, e veementemente. Tão simples como isso.
Os professores, todos os professores, têm uma formação inicial. Foram Escolas do Magistério Primário e Universidades e Institutos e Escolas Superiores de Educação e foram os Estágios Pedagógicos de múltiplos nomes, os integrados ou os outros, que: lhes atribuíram os diplomas; os prepararam cientificamente; os habilitaram pedagogicamente. Tudo, instituições reconhecidas, tudo processos claros, tudo, ao fim e ao cabo, uma questão nacional, porque financiada (e aceite/reconhecida como válida!) por todos nós. Foi o estado que aprovou os cursos que habilitam os professores para a docência e foram os contribuintes deste país que, ao longo dos anos, os legitimaram com os seus impostos. Ou foram os pais que, durante anos, pagaram as propinas das universidades privadas.

Todos pagámos para que os nossos filhos tivessem professores nas nossas escolas. Para que esses professores fossem formados por instituições credíveis, que lhes dessem uma formação de confiança. O problema é nosso. Como podemos aceitar que tudo, agora, se veja assim contestado? Tudo, agora, com a existência invalidada? Tudo -- preterido por UMA prova? -- De conhecimentos?! De capacidades? Que capacidades? Que conhecimentos? E porquê aqueles e não outros?
Afinal ......
QUE MERDA É ESTA 
e que merda somos nós -- se a aceitamos? Se pactuamos com esta farsa? 

Que merda de professores se oferecem para a corrigir? 
Que merda acorre a vigiá-la? 
Que merda de sindicatos a aceita como válida, desde que "só para alguns"?

É .. MLR conseguiu tudo o que terá desejado. "Domesticou" os professores, ela que não escondeu nunca o ódio que por eles nutria (comparável só ao deste Crato, ao deste Passos..), reduziu-os ao estado de vermes em que alguns já vegetavam. Vermes que se gostam vermes, pois que outra razão para rastejarem? 

Ela começou o processo, a classe "ajeitou-se-lhe" mansa, indignidades que se aceitam sem grande ruído e assim aplanam o caminho para outras, maiores sempre as que vêm depois. 

O senhor Nuno Crato aproveitou a embalagem como convinha. Talvez ele, afinal, até saiba bem a massa de que são feitos os professores, muitos professores. E vale-se da burrice das vítimas, da sua inércia, da sua proverbial falta de coesão, para agradar ... calculo que aos grupos económicos e de pressão que o sustentam a ele e aos seus comparsas de governo.

Mas BASTA, não?!
Professores que o sejam, provem-no! Ao menos vocês!!! E têm obrigação de ser lúcidos, mais que todos os outros! Vocês são uma das classes mais escolarizadas! Vocês têm uma missão de formação! Acordem! Reajam, porra!
Recusem esta prova! RECUSEM fazê-la, vigiá-la, corrigi-la!

PELA DIGNIDADE, digam NÃO A ESTA FARSA!

A corda vai esticando, esticando. Só não parte se nós não quisermos.
E devíamos ser todos a puxar, professores - passado, presente, futuro - e alunos, e pais, e todos!


2 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Subscrevo tudo. Só lamento não estar ainda na tua condição. Mesmo se penalizada! É triste, Al!

AL disse...

Olá Amiga!

Compreendo, como compreendo que gostasses de estar fora deste "jogo de doidos", Anabela!

Eu não aguentava mais, e devo o "burn out", primeiro que tudo, à dona MLR. É claro que o cRato tinha-me morto de vez .. Triste, mesmo.
Triste, sobretudo, saber que os professores (tantos, demasiados ..) continuam a «aguentar pauladas sem um escoicear»!
Beijinhos, amiga, força e a minha solidariedade, sempre!