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01/07/13

«o país dos suicidas»

por Baptista-Bastos
30 de Junho de 2013
em As Minhas Leituras
 

Senhor: não lhes perdoeis porque eles sabem o que fazem


Os números da nossa miséria são assustadores e não param de aumentar. O êxodo da juventude, resultado do desemprego e da angústia, faz de nós um país de mais velhos do que já somos. Os suicídios crescem de Norte a Sul; agora, as estatísticas dizem-nos que, no Alto Minho, os índices do desespero dão uma nota elevada às mulheres que põem termo à vida. O país de suicidas, de que falava Unamuno, voltou a dar razão ao filósofo. E as infaustas notícias não chegam aos jornais, vá-se lá saber porquê. 

A tragédia que se abateu sobre a nossa pátria atinge dimensões medonhas. O meu velho amigo Carlos do Carmo, ainda há dias, num programa nocturno da RTP, alimentava as nossas esperanças, dizendo que sempre “demos a volta por cima em circunstâncias históricas funestamente semelhantes.” Seja como grande cantador, prevê e deseja. De qualquer das formas, a sua voz dá ânimo e força às nossas tão debilitadas energias. Sou mais pessimista. Prevejo um horizonte sombrio. Mesmo quando nos libertarmos desta gente e pudermos remendar e cerzir os estragos que fizeram, no tecido económico, social e, sobretudo, moral da nação, a tarefa vai ser soberana entre as demais. 

Freitas do Amaral disse, há dias, que a situação portuguesa, pelo peso histórico que encerra, pode ser comparável a 1383 e aos sessenta anos da ocupação castelhana. Não serei eu a contrariá-lo. Mas, pessoal e civicamente, no meio das “avaliações” da troika, sinto-me como enclausurado na minha terra. E este Governo subserviente, sem alma e sem dignidade, que obedece a tudo e admite tudo com a espinha dobrada e um sorriso feliz, representa mais um regente do estrangeiro do que o mandatário de um povo. Custa-me escrever e pensar assim; porém, não posso calar a voz da minha consciência. Nunca procurei dividendos de uma luta antiga e extremamente perigosa na qual me tenho envolvido. Pertenço a uma geração que se inspirou em outras gerações de portugueses, que possuíam uma noção muito acendrada de pátria e de liberdade. E chego a “isto” que por aí está com um desgosto infinito. 

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