pois eu acho que isto (tanta alarvidade da suposta jornalista..) já é demência .. o síndroma cavo-silva?
Sexta-feira, 17 de Maio de 2013
por Daniel Oliveira
de August Natterer |
Maria Teresa Alves* acha que as crianças estão melhor em instituições do que se forem “dadas” a homossexuais. Porque “pelo menos nas instituições não correm o risco de chegarem a adolescência e serem seduzidos pelos pais”.
Ou seja, para a senhora Alves o homossexuais não passam de tarados que
seduzem adolescentes, mesmo que sejam seus filhos. Ao contrário dos
heterossexuais, que se forem homens não seduzem, em princípio, as suas
filhas, os homossexuais têm aquele bichinho lá dentro que os impede de
distinguir o certo do errado. Podemos então “dar”, à confiança, crianças
a heterossexuais ("famílias normais"). A homossexuais é que não, porque
aquela gente tem o sexo à flor da pele. Nem cães, nem gatos, nem
abóboras lhes escapam. Eles não têm culpa. Só pensam naquilo.
Até aqui, tudo bem. O nível do argumento é tal que já nem me choca.
Mas a coisa pia mais fino quando Maria Teresa Alves escreve isto, noutro
post: “Os
ignóbeis socialistas e bloquistas vão levar amanhã mais uma vez a
adopção de crianças por duas pessoas homossexuais do mesmo sexo que
vivam juntas, ao Parlamento. Não se enganem, todas as manifs, todos os
Grandolas Vilas Morenas, todos os Galambas e Dragos, todos os actos de
terrorismo de interrupção de membros do Governo em actos públicos, têm
um único objectivo "dar crianças aos homossexuais".
Que a senhora ache que a interrupção voluntária de membros do governo
acontece porque, lá no fundo, o PS e o BE andam a recolher crianças
para as dar aos homossexuais, é lá com ela. Nos tempos que correm, um
gajo está habituado a ler de tudo. Que não tenha percebido que a lei
aprovada permite a co-adopção pela pessoa que vive em união de facto ou
casada com o pai ou mãe adoptivo/biológico (e não de crianças
institucionalizadas), não me perturba. Habituei-me a ver demasiados
jornalistas que nem percebem o conteúdo das leis que comentam. Que
deseje que o Presidente da República “volte a ser iluminado por Nossa Senhora de Fátima” também
me parece natural. Se a Virgem Maria resolve as avaliações da troika,
porque não começar a participar de forma mais ativa no processo
legislativo? Mas que uma jornalista (“grande repórter” ,
ainda por cima) do “Diário Económico” trate os deputados de que
discorda como “ignóbis” é um pouco mais complicado. Impede-a de os
entrevistar, de escrever notícias sobre eles, de relatar o que eles
fazem. Pelo menos eu, se fosse um dos deputados referidos e esta senhora
me fizesse uma pergunta ou me pedisse um comentário, era capaz de a
mandar a um lugar menos simpático. Alguns jornalistas no ativo têm de
meter, de uma vez por todas, uma coisa na cabeça: ou fazem notícias ou
insultam os objetos das suas notícias. Não podem fazer as duas coisas ao
mesmo tempo. Dedicam-se, como eu decidi fazer, ao comentário. E deixam
as redações para quem quer fazer jornalismo noticioso. Ou, pelo menos,
comentam com a moderação linguística que as suas relações profissionais
com os protagonistas políticos exigem.
Dito isto, tenho de ir andando. Está na hora da saída das escolas. Há
imensas crianças na rua. Vou jantar a casa de um casal gay e se não
lhes levo uma eles ficam sentidos. É isso que esperam de gente ignóbil.
No bom sentido do termo, claro está. Porque, tal como a senhora Maria
Teresa Alves, "não dou cobertura a insultos".
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