O Conselho Executivo da Escola Secundária Vitorino Nemésio vem, por esta forma, esclarecer a comunidade escolar, órgãos de comunicação social e a quem possa interessar, que a ordem de serviço em que se determinava o fim das turmas mistas e a separação por sexos no espaço escolar foi, desde o início, forjada para obter exactamente o efeito que se pretendia para comemorar o 39º aniversário do 25 de Abril: uma indignação o mais generalizada possível.
Uma medida que seria inconstitucional e ilegal, para além de
o órgão executivo da escola nem
ter competência para a implementar, revoltou alunos, professores, funcionários, pais e
encarregados de educação
. Os alunos indignaram-se nas salas de aula, povoaram corredores
com desejos de manifestação imediata.
A Associação de Estudantes reuniu a fim de tomar
posição. Os jovens abriram uma página no facebook para promover um evento de contestação
à medida, havendo comentários do género “nunca vi um evento juntar tanta gente”. Os pais
mobilizaram-se, alertaram órgãos de comunicação social e membros do governo. E tudo isto
perante uma decisão que seria IMPOSSÍVEL DE IMPLEMENTAR nos nossos dias, em que
vivemos em democracia e liberdade.
Repare-se estar em causa uma medida que vigorava há apenas 39 anos. Mas não passa pela
cabeça de ninguém que pudesse haver qualquer retrocesso no caminho da igualdade entre os
cidadãos deste País. Ninguém pode ser discriminado em função do sexo, assim dispõe a
Constituição. Mas se é assim, é-o apenas porque muitos lutaram para assim ser. A única forma
de lutarmos pelos nossos direitos é termos a consciência de que
houve um tempo em que não
os tínhamos
. E termos como certo que, se não os defendermos, poderemos perdê-los.
Não se tratou, assim, de uma brincadeira. Tratou-se, sim, de uma coisa muita séria
:
comemorar o Dia da Liberdade, que se aproxima, não de uma forma morna, de calendário,
mais um feriado, mas sim de forma activa, empenhada, de consciência. Aliás, no dia 24 de
Abril, haverá um recital de poesia no Auditório da Escola, em que alunos e professores dirão
poemas alusivos à Liberdade.
O Conselho Executivo congratula
-
se por toda a indignação que a sua “medida” originou. O que
se pretendia foi atingido. Desejamos todos que qualquer atentado aos nossos direitos
fundamentais tenha, por parte dos atingidos, este tipo de reacção. Porque a Liberdade não é
uma palavra. É um compromisso de presente, visando o futuro. Que nos indignemos perante
os direitos que podemos perder. Que nos indignemos pelos direitos que já perdemos nos
últimos 39 anos, e que todos julgávamos adquiridos para sempre.
E não deixa de ser irónico
que se tenham revoltado tanto perante DIREITOS IMPOSSÍVEIS DE PERDER tantos cidadãos
que aceitaram sem grande indignação
A PERDA DE DIREITOS QUE EFECTIVAMENTE JÁ NÃO
TÊM
, embora os julgassem
adquiridos.
Viva a Liberdade.
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