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17/12/12

manter viva a memória do Holocausto

sobreviventes de Ampfing/Dachau logo após a libertação

Dei-me conta, sobretudo nos últimos anos, de que os meus alunos do Secundário (10º, 11º, 12º) pouco ou nada sabiam da 2ª Guerra Mundial, menos ainda do Holocausto Nazi. Bons alunos, muitos. Filhos de professores, alguns. E penso: que raio de programa nos sai oficialmente do ministério da Educação para a disciplina de História, que assim deixa de fora ou menoriza ou não dá tempo, espaço, para estudar o século XX? Como pode alguém assim entender o desenho dos mapas, as convulsões tantas, na Europa, em África, tudo consequência do desfecho da 2ª Grande Guerra? E as Nações Unidas, as bombas atómicas, o medo?  

Como podem os nossos jovens, sem este conhecimento, adquirir a consciência imprescindível do que foi e não poderá voltar a ser, nunca, nunca mais, assim a humanidade queira preservar-se .. humana?

 
Para eles, a ideia do que aconteceu entre a década de 1930 e o ano de 1945 vem-lhes difusa através de filmes relativamente recentes como "O Resgate do Soldado Ryan", com alguma sorte também "A Vida é Bela" ou "O Rapaz do Pijama às Riscas", "O Pianista".. Isto, se os seus professores se derem ao trabalho de lhos mostrar.
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Não viram certamente muitos outros, com diferentes abordagens: listados (e com sinopse)  aqui  e aqui  .
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libertação dos presos do campo de concentração de Dachau:
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Não viram (nem provavelmente verão) documentários com imagens reais, fotos pungentes. E bem podem os merdosos (desculpem, tem de ser mesmo assim..) dos neonazis alegar que é tudo obra de montagens, que o Holocausto, os campos de extermínio, nunca existiram.
documentos dos próprios criminosos nazis, e há os relatos dos soldados aliados (americanos, soviéticos, ingleses, franceses) que entraram nos campos de concentração em 1945.
Há diários e testemunhos de vítimas bem reais, algumas delas ainda vivas, sobreviventes de Dachau, Auschwitz, Bergen-Belsen, .....
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E há livros comoventes, interessantíssimos, um número incomensurável deles.
Anne Frank
  • um de Markus Zusak (vídeo aqui) - australiano nascido em 1975, filho de pai austríaco e mãe alemã, ambos testemunhas da guerra em 1ª mão -  "A Rapariga que Roubava Livros" (The Book Thief)  
  • e, claro, o imprescindível "Diário de Anne Frank"  (falecida aos 16 anos no campo de concentração Bergen-Belsen, em 1945).

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Ultimamente fala-se muito convenientemente em "desdiabolização", assim uma espécie de tentativa de branqueamento do que foram as atrocidades do nazismo e desse seu ícon sinistro chamado Adolf Hitler. Ou como se uma mansa porta se abrisse à ascensão dos tresloucados movimentos neonazis que agora proliferam. Como se nada tivesse acontecido que lhes impeça as acções brutais, o bullying, a xenofobia - e veja-se como até já decidem politicamente, na Grécia, como infestam hoje as forças policiais do Estado ..

Pois, não, desdiabolização coisa nenhuma. 

Not now. NOT EVER!

gueto de Varsóvia

Porque os nazis existiram, e causaram demasiado mal a demasiadas pessoas. Porque muita gente se deixou/deixa levar na conversa ou sofreu/sofre atrozmente às mãos de uns quantos psicopatas, sejam eles os neonazis de hoje ou os seus pares de ontem.

E porque só o conhecimento nos torna fortes e precavidos, não vamos esquecer, nem as atrocidades, nem os nomes dos seus perpetradores:
  • Heinrich Himmler - (o número dois do 3.º Reich, ) - chefe das tenebrosas SS (um corpo paramilitar e quase um estado dentro do estado) e responsável máximo pelos campos de extermínio nazis), posteriormente também chefe da igualmente tenebrosa Gestapo (a polícia política, tipo a PIDE do salazarismo)
  •  Hermann Goering, primeiramente chefe das SA (tropas de assalto), mais tarde da Gestapo (de que é fundador e cujo comando entrega depois a Himmler), comandante supremo da Luftwaffe (força aérea), comissário do Reich, saqueador dos bens dos judeus e outros 'indesejáveis' do regime.
  • Joseph Goebbels (o mais fervoroso de todos os apoiantes de Hitler) - poderoso ministro da propaganda nazi, 'mind-bilder', feroz adversário dos judeus, dos comunistas, dos homossexuais, dos intelectuais, de quem quer que ousasse contestar ou não encaixasse na ideologia da 'raça pura', nos desígnios imperialistas de um louco.
  • Adolf Eichmann, oficial das SS e depois também da Gestapo; principal responsável pela deportação em massa de judeus por toda a Europa- checos, húngaros, alemães, belgas, eslovacos, austríacos, franceses, gregos, ... para campos de extermínio na Polónia e regiões ocupadas da União Soviética. Desempenhou um papel fulcral na chamada "solução final", o extermínio absoluto dos judeus. Depois da guerra, e sob custódia de tropas americanas, conseguiu fugir para a Argentina, mas foi apanhado em 1960.
  • Josef Mengele, "o anjo da morte" - médico e membro das SS; em Auschwitz-Birkenau decidia quem, entre os prisioneiros que chegavam, devia ser logo mandado para as câmaras de gás e quem estava apto a trabalhar. Ficou conhecido pelas experiências 'científicas' macabras que levou a cabo com vista à manipulação genética, nomeadamente em crianças gémeas, e  pelo sadismo com que torturava os pacientes/cobaias (ver vídeo aqui). Depois da guerra e também sob custódia de tropas americanas (que o libertaram ..!) conseguiu fugir, sendo o seu último refúgio o Brasil, onde morreu velho.  [a propósito, um livro/ um filme: The Boys from Brazil , uma ficção (será?..) sobre a existência de clones de Hitler]

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Primeiro foram os guetos, a prisão; depois as deportações, os comboios da morte, os campos de trabalhos forçados (Arbeit macht frei, diziam os matadores da liberdade!), finalmente os campos de extermínio.

Bergen-Belsen, vala comum
Onze milhões de pessoas pereceram nos campos de concentração nazis: 6 milhões eram judeus; os outros,  ciganos Roma, deficientes, testemunhas de Jeová, homossexuais, comunistas, opositores ao regime: homens, mulheres, velhos e jovens, crianças.

Não houve limites para o horror: a sub-nutrição, as doenças não assistidas, a exaustão dos trabalhos forçados, a tortura, a humilhação, a desumanidade, as experiências 'científicas' macabras, as câmaras de gás, os fornos crematórios.


do USA Holocaust Memorial Museum, de onde foram também retiradas quase todas as fotos
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Concentration Camps, 1933–1939
Concentration Camps, 1939-1942
Concentration Camps, 1942-1945 

https://www.facebook.com/holocaustmuseum
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Foi há pouco mais de 50 anos, não temos o direito de esquecer!
Os nossos jovens, os nossos alunos, portugueses, gregos, alemães, de todo o mundo, têm o direito de saber.
Têm de compreender por que é que desenhar uma suástica nos cadernos ou nas paredes é um acto arrepiante.
Têm de aprender com a História que foi a dos seus avós.
Não podem repetir os mesmos erros, menorizar o que foi tão sem medida! Não, sobretudo, por ignorância!

  
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1 comentário:

João Soares disse...

MUITOS PARABÉNS PELA POSTAGEM. E a austeridade também TEM que pertencer ao Museu de Horrores da Humanidade. TEMOS QUE FAZER A MUDANÇA, O QUANTO ANTES! Vejam "Segredos da Goldman Sachs" ENQUANTO NÃO DESAPARECE e percebam de uma vez que muitas porcarias e especulações, fazem parte de um plano pela mediocridade global, pobreza geral e reino privado, chamado Goldman Sachs. Por motivos mais que óbvios cliquem neste link . http://bioterra.blogspot.pt/2012/12/triste-jangada-de-pedra.html