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10/02/12

Fluxus

m. Oscar Niemeyer, Curitiba
Descobri-o hoje, (o nome, melhor dizendo ..) a propósito de uma exposição em Lisboa: Echo Chamber, de Melvin Moti (ver)

Pessoalmente, acho piada ao tal de 'fluxus' .. uma coisa assim de 'real gana', como se todos pudéssemos ser artistas!
E lembro-me de uma exposição (1976?) que um professor de literatura alemã (!) nos mandou ver no antigo espaço da FIL: a arte como coisa efémera (uma das 'obras' era um pano no chão com algumas peças de fruta expostas aleatoriamente), transmutável: o visitante podia tocar nas coisas, acrescentar, escrever desenhar rasgar; uma coisa sem dono, pertença-não de um colectivo inter-transito-veniente, "luzes que se apagam, nada mais" .. http://youtu.be/gfiA6n6lwNE
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texto retirado daqui - actualizado em 12/01/2012 
(escrito em português do Brasil)

"Fluxus não foi um momento na história ou um movimento artístico. É um modo de fazer coisas [...], uma forma de viver e morrer", com essas palavras o artista americano Dick Higgins (1938-1998) define o movimento, enfatizando seu principal traço. Menos que um estilo, um conjunto de procedimentos, um grupo específico ou uma coleção de objetos, o movimento fluxus traduz uma atitude diante do mundo, do fazer artístico e da cultura que se manifesta nas mais diversas formas de arte: música, dança, teatro, artes visuais, poesia, vídeo, fotografia e outras.

imagem retirada daqui (ver outras)
Seu nascimento oficial está ligado ao Festival Internacional de Música Nova, em Wiesbaden, Alemanha, em 1962, e a George Maciunas (1931-1978), artista lituano radicado nos Estados Unidos, que batiza o movimento com uma palavra de origem latina, fluxu, que significa fluxo, movimento, escoamento. O termo, originalmente criado para dar título a uma publicação de arte de vanguarda, passa a caracterizar uma série de performances organizadas por Maciunas na Europa, entre 1961 e 1963. São elas que estão na raiz de festivais - os Festum Fluxorum - realizados em Copenhague, Paris, Düsseldorf, Amsterdã e Nice.

Jackson Pollock
De feitio internacional, interdisciplinar e plural do ponto de vista das artes, Fluxus mobiliza artistas na França - Ben Vautier (1935) e R. Filiou; Estados Unidos - Higgins, Robert Watts (1923-1988), George Brecht (1926), Yoko Ono (1933); Japão - Shigeko Kubota (1937), Takato Saito; países nórdicos - E. Andersen, Per Kirkeby (1938); e Alemanha - Wolf Vostell (1932-1998), Joseph Beuys (1912-1986), Nam June Paik (1932-2006).


As músicas de John Cage e Paik, comprometidas com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, têm lugar central na definição da atitude artística do Fluxus. Trata-se de romper as barreiras entre arte e não arte, dirigindo a criação artística às coisas do mundo, seja à natureza, seja à realidade urbana, seja ao mundo da tecnologia. Além da música experimental, as principais fontes do movimento podem ser encontradas num certo espírito anárquico de contestação que caracteriza o dadaísmo, nos ready-mades de Marcel Duchamp (1887-1968) e em sua crítica à institucionalização da arte, e na action painting de Jackson Pollock (1912-1956), com ênfase no processo de criação ancorado no gesto e na ação. 

daqui
As performances e os happenings, amplamente realizados pelos artistas ligados ao Fluxus, remetem a uma vigorosa tendência da arte norte-americana de fins dos anos 1950, por exemplo, aos trabalhos de Robert Rauschenberg (1925-2008) ligados ao teatro e à dança; às esculturas junk de David Smith e Richard Peter Stankiewicz (1922-1983), feitas da combinação de refugos e materiais descartáveis; e aos eventos de Allan Kaprow (1927), aluno de Cage em cursos em que o compositor combina idéias de Duchamp e Artaud com a filosofia zen-budista. As realizações do Fluxus justapõem não apenas objetos, mas também sons, movimentos e luzes num apelo simultâneo aos sentidos da visão, olfato, audição e tato. 

daqui

O espectador é convocado a participar dos espetáculos experimentais, em geral, descontínuos, sem foco definido, não-verbais e sem seqüência previamente estabelecida. Em 1957, Cage define a direção das novas produções artísticas: "Para onde vamos a partir de agora? Em direção ao teatro. Essa arte, mais que a música, liga-se à natureza. Temos olhos, assim como ouvidos, e é nossa tarefa utilizá-los".

As performances conhecem inflexões distintas, podendo adquirir tom minimalista ou acento mais teatral e provocador. Aquelas concebidas por Beuys na Alemanha se particularizam pelas conexões que estabelecem com um universo mitológico, mágico e espiritual. Nelas chamam atenção o uso freqüente de animais - por exemplo, as lebres em The Chief - Fluxus Chant, 1963, Copenhague -, a ênfase nas ações que conferem sentidos aos objetos e o uso de sons e ruídos de todos os tipos, num apelo às experiências anteriores à linguagem articulada e ao reino dos instintos que os animais representam. 
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