«Estamos a assistir a uma reacção desesperada de quem vê fugir o poder.
Nessa acção participa activamente o PR, que se contradiz permanentemente e, ao
protelar decisões fundamentais para a normalização do País, contribui para a enorme
instabilidade que estão a tentar agudizar, procurando aterrorizar os portugueses com
o papão do caos.
Naquilo que considero uma tentativa de levantamento popular da chamada “maioria
silenciosa”, vem agora Passos Coelho propor uma revisão da Constituição da
República, oportunista e casuística, para abrir a hipótese de dissolução da AR e de
convocação de novas eleições.
Como qualquer constitucionalista honesto explica liminarmente, tal hipótese é
totalmente impossível e impraticável. O que torna o simples levantamento dessa hipótese numa provocação desesperada e
sem sentido.
Mas se, por absurdo, o golpe frutificar, sugiro e desafio tais personagens que
aproveitem para incluir na Constituição uma norma que permita a destituição do PR.
Solução que poderá passar pela convocação de um referendo, sob proposta de um
número mínimo de eleitores (15.000, para imitar o máximo admitido para uma
candidatura a PR)
E, já agora, aproveitar para recriar na Constituição a existência da Câmara Corporativa.
Estaríamos assim a legalizar a acção que o actual PR está a praticar, de forma
enviesada e não assumida.
Confesso que, como militar de Abril não esperava assistir a uma tão despudorada
actuação como os ainda detentores do poder estão a ter. Ainda que seja um autêntico
estertor, não deixa de ser altamente condenável. »
Lisboa, 13 de Novembro de 2015
Vasco Lourenço
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