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25/06/13

os professores e os seus '3 meses de férias'

Dedicado ao "bom-povo-português" que acredita piamente que:
--os professores são uns 'calões' ; 
--que, fazendo esta greve (durante os seus "3 meses de férias", vá-se lá perceber!!) , passam agora o tempo regalados na praia, de papo para o ar ..


Abaixo, está o desabafo de uma professora (que me permiti trazer para aqui..): o relato/ denúncia da 'rica vida' na escola em tempo de "férias"
-- comentário aposto a "Crato cumpriu. Crato implodiu", de Santana Castilho



A todos os colegas, 

Na quarta feira fui buscar 54 provas de exame do ensino secundário a um agrupamento que dista da minha escola alguns kms.
Para me deslocar de minha casa a esse agrupamento faço cerca de 190 km no meu carro. O quilómetro vai ser-me pago a 11 cêntimos, (se as informações que me deram estiverem corretas) enquanto que os restantes funcionários públicos recebem 36 cêntimos pela mesma unidade de distância percorrida. Qual será o motivo? Será que o km percorrido pelo professor encurtou, tal como o seu salário? Será que igualdade é só no número de horas que tem de se permanecer no local de trabalho? 
O professor classificador tem a tarefa de corrigir e ir buscar exames, estejam eles a que distância estiverem e fica responsabilizado, não só pela correção, mas também pela segurança e transporte dos mesmos. 
É que assim o ministério fica bem visto pela sociedade, mostrando que todo o serviço das provas de exames dos alunos, os quais respeita muito, é pago por si, enquanto malha nas costas dos professores. 
Deveriam os exames ser transportados até às escolas dos classificadores, pelos elementos de segurança, mas assim fica-lhe muito mais barato e enfraquece ainda mais os professores (quanto mais pobres, mais fracos) que trabalham e não bufam, e, ainda, correm o risco de depois de toda esta dedicação ficarem com horário zero, ao fim de vinte e tal anos de serviço, e irem para o desemprego. 

Na segunda fase de exames, tal como farão outros colegas, vou de autocarro, que me fica mais barato e gasto, em tempo de viajem e tempo de espera pelo autocarro, mais tempo na fila no agrupamento para receber exames, 7 horas. 
Depois corrijo os exames - não à noite nem ao fim de semana, como é hábito, mas, apenas, durante o tempo normal em que os funcionários públicos desempenham as suas funções e veremos, então, se os exames serão corrigidos atempadamente. 

É que, a par da correção de exames, os professores têm, ainda, de desempenhar outras tarefas, tais como: 
  • fazer vigilâncias,
  • fazer relatórios de auto-avaliação, 
  • ler e avaliar relatórios dos colegas, 
  • fazer relatórios de coordenação de departamento ou de sub coordenação,
  • fazer relatórios de direção de turma, 
  • preparar o próximo ano lectivo, 
  • fazer reuniões de pedagógico, departamento etc. 

Outro episódio que quero partilhar é o seguinte: no dia seguinte àquele em que fui buscar as provas, vigiei um exame desde as 13h 30 até às 16h e 30, pelo que peguei nos meus 54 exames e levei-os para a escola para os poder corrigir a partir das 16h.30. 
Eu bem tentei, mas foi impossível, porque as escolas não têm gabinetes de trabalho para os professores, ali não há condições para que o professor se possa concentrar e desenvolver o seu trabalho.
Resultado: perdi o meu tempo e à noite, em casa, tive de fazer o que devia ter sido feito na escola. 

A propósito da vigilância desse exame, perguntei na direcção o porquê de eu ter de vigiar um exame quando tinha 54 exames para corrigir, havendo tantos professores no agrupamento, desde educadores de infância, professores do primeiro, segundo, terceiro ciclos e secundário.
Responderam-me que os professores do secundário, segundo e terceiro ciclo estavam todos ocupados e que os educadores de infância e professores do primeiro ciclo não podiam ir fazer vigilâncias, pois só tinham desempenhado essa tarefa a título excepcional no dia da greve. 
Qual a razão para isso acontecer? Não estão esses professores preparados para vigiar esses exames?
Então como fizeram as vigilâncias dos exames do secundário no dia da greve? Isto é motivo para os pais pedirem a anulação desses exames. 

O Respeito pelos professores e alunos é urgente.

por Fátima Martins 
Sábado, às 0:33
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-- ler, a propósito, "Why do teachers burn out? " 
 
img. daqui

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