Dedicado ao "bom-povo-português" que acredita piamente que:
--os professores são uns 'calões' ;
--que, fazendo esta greve (durante os seus "3 meses de férias", vá-se lá perceber!!) , passam agora o tempo regalados na praia, de papo para o ar ..
--os professores são uns 'calões' ;
--que, fazendo esta greve (durante os seus "3 meses de férias", vá-se lá perceber!!) , passam agora o tempo regalados na praia, de papo para o ar ..
Abaixo, está o desabafo de uma professora (que me permiti trazer para aqui..): o relato/ denúncia da 'rica vida' na escola em tempo de "férias"-- comentário aposto a "Crato cumpriu. Crato implodiu", de Santana Castilho
A todos os colegas,
Na quarta feira fui buscar 54 provas de exame do ensino secundário a um agrupamento que dista da minha escola alguns kms.
Para me deslocar de minha casa a esse agrupamento faço cerca de 190 km no meu carro. O quilómetro vai ser-me pago a 11 cêntimos, (se as informações que me deram estiverem corretas) enquanto que os restantes funcionários públicos recebem 36 cêntimos pela mesma unidade de distância percorrida. Qual será o motivo? Será que o km percorrido pelo professor encurtou, tal como o seu salário? Será que igualdade é só no número de horas que tem de se permanecer no local de trabalho?
O professor classificador tem a tarefa de corrigir e ir buscar exames, estejam eles a que distância estiverem e fica responsabilizado, não só pela correção, mas também pela segurança e transporte dos mesmos.
É que assim o ministério fica bem visto pela sociedade, mostrando que todo o serviço das provas de exames dos alunos, os quais respeita muito, é pago por si, enquanto malha nas costas dos professores.
Deveriam os exames ser transportados até às escolas dos classificadores, pelos elementos de segurança, mas assim fica-lhe muito mais barato e enfraquece ainda mais os professores (quanto mais pobres, mais fracos) que trabalham e não bufam, e, ainda, correm o risco de depois de toda esta dedicação ficarem com horário zero, ao fim de vinte e tal anos de serviço, e irem para o desemprego.
Na segunda fase de exames, tal como farão outros colegas, vou de autocarro, que me fica mais barato e gasto, em tempo de viajem e tempo de espera pelo autocarro, mais tempo na fila no agrupamento para receber exames, 7 horas.Depois corrijo os exames - não à noite nem ao fim de semana, como é hábito, mas, apenas, durante o tempo normal em que os funcionários públicos desempenham as suas funções e veremos, então, se os exames serão corrigidos atempadamente.
É que, a par da correção de exames, os professores têm, ainda, de desempenhar outras tarefas, tais como:
- fazer vigilâncias,
- fazer relatórios de auto-avaliação,
- ler e avaliar relatórios dos colegas,
- fazer relatórios de coordenação de departamento ou de sub coordenação,
- fazer relatórios de direção de turma,
- preparar o próximo ano lectivo,
- fazer reuniões de pedagógico, departamento etc.
Outro episódio que quero partilhar é o seguinte: no dia seguinte àquele em que fui buscar as provas, vigiei um exame desde as 13h 30 até às 16h e 30, pelo que peguei nos meus 54 exames e levei-os para a escola para os poder corrigir a partir das 16h.30.
Eu bem tentei, mas foi impossível, porque as escolas não têm gabinetes de trabalho para os professores, ali não há condições para que o professor se possa concentrar e desenvolver o seu trabalho.
Resultado: perdi o meu tempo e à noite, em casa, tive de fazer o que devia ter sido feito na escola.
A propósito da vigilância desse exame, perguntei na direcção o porquê de eu ter de vigiar um exame quando tinha 54 exames para corrigir, havendo tantos professores no agrupamento, desde educadores de infância, professores do primeiro, segundo, terceiro ciclos e secundário.
Responderam-me que os professores do secundário, segundo e terceiro ciclo estavam todos ocupados e que os educadores de infância e professores do primeiro ciclo não podiam ir fazer vigilâncias, pois só tinham desempenhado essa tarefa a título excepcional no dia da greve.
Qual a razão para isso acontecer? Não estão esses professores preparados para vigiar esses exames?
Então como fizeram as vigilâncias dos exames do secundário no dia da greve? Isto é motivo para os pais pedirem a anulação desses exames.
O Respeito pelos professores e alunos é urgente.
por Fátima Martins
Sábado, às 0:33
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-- ler, a propósito, "Why do teachers burn out? "
img. daqui |
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