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02/06/12

do professor-coisa ao ... professor-rebelde?

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Breve resenha do papel do professor ao longo da História


Tempos houve em que o professor dominava todos os assuntos e áreas relevantes do conhecimento. Era o professor-filósofo, ou apenas o filósofo, respeitadíssimo, rodeado por discípulos, procurado por poderosos e cidadãos comuns, pedindo-lhe conselhos sobre decisões importantes e em quem procuravam respostas para questões complexas e profundas.

(Afinal a Terra gira em torno do Sol!)

Mais tarde, dando-se os primeiros passos no sentido dum conhecimento especializado, a Ciência separa-se da Filosofia. Surge então o professor-sábio, respeitadíssimo, conhecedor profundo das áreas do conhecimento a que se dedica. É altamente considerado pela sociedade, de quem continua a ser conselheiro.

(A máquina ajuda e compete com o Homem!)

Com a especialização dentro de cada área, surge o professor-mestre. Este domina muito bem a área que leciona. Seja mais próximo das artes, das letras, das ciências ou das tecnologias, continua a marcar uma presença importante na sociedade, onde é respeitado é tido na maior consideração.

(Deus, Pátria e Família!)

Sobretudo nos regimes ditatoriais, surge o professor-autoridade. É uma pessoa que, enquanto professor, não pode questionar nem permitir que se questione, sendo temido pelos alunos e respeitado pelos pais e pela sociedade em geral. O conhecimento que transmite foi criteriosamente selecionado e anquilosado. Como um prolongamento do Estado, tem também o papel de castigar.

(O povo, unido, jamais será vencido!)

Por cá, no processo que conduziu ao regime democrático, criou-se o professor-amigo, em vigor até há pouco tempo, que é também psicólogo-sociólogo-pai-mãe-estratega-motivador e o que mais lhe puseram sobre as costas. Ensinar tornou-se, para ele, uma tarefa secundária. É pouco respeitado e não tem autoridade, mas deve conseguir resolver todos os problemas que lhe surjam pela frente.

(Uma crise como há muito não se via!)

Agora estamos em fase de instalação do professor-coisa, mais concretamente funcionário-burocrata-acéfalo-deprimido-doente-sobrevivente. Entretém e guarda crianças e jovens. Não deve pensar, menos ainda questionar; apenas obedecer e cumprir, mesmo com aquilo em que não acredita e que sabe ser danoso para a sociedade. Desrespeitado por parcelas significativas de alunos, pais, diretores, governantes e sociedade em geral, o professor-coisa caminha no sentido de se tornar apenas (uma) coisa.

Assim vão passando os tempos, e com ele mudando as vontades. É impossível ou indesejável voltar atrás. Mas deve-se aprender com o passado e com o presente. Contudo, é pouco provável que o professor-professor, a quem peçam apenas que transmita e abra portas ao conhecimento, venha algum dia a existir por estas bandas. A não ser que, entretanto, surja o professor-rebelde, o que também é bastante improvável, pois este será automaticamente afastado, agindo isoladamente.



Junho de 2012

António Galrinho

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